segunda-feira, 28 de abril de 2008

BARRADO NO OLIMPO

Nunca é o bastante nosso conhecimento sobre o Azar (não estranhe o “A” maiúsculo), ainda mais se tratando de suas origens pagãs.
Sua trajetória remonta ao começo do mundo, quando sua mãe, Ventura, teve um caso com Ades, engendrando três crianças: Sorte, Incógnita e o sempre mal quisto Azar. Ventura – esperta que era – decidiu levar as três crianças para junto dos outros deuses, visto que descendiam diretamente da linhagem de Zeus (Ades é irmão do deus dos deuses); caso fossem aceitos, toda a família poderia gozar das delícias do paraíso eterno, além do status que teriam diante das outras entidades míticas.
Porém a mamãe deusa tinha uma preocupação, e de forma alguma infundada: tratava-se de Azar. Aquela criança tinha o péssimo costume de frustrar qualquer expectativa de sua família – a criança herdara alguma coisa de ruim do pai. Dona Ventura tomou uma decisão dolorosa mas necessária à família: entraria com as filhas primeiro e deixaria que Azar entrasse pela própria sorte. Assim foi feito. Depois de duas semanas da partida da mãe e das irmãs, nosso deus menor foi tentar a sorte no Olimpo; levou seu currículo devidamente preenchido e colocou a melhor roupa social que ganhara de mamãe. Bem apresentado como estava, fora bem recebido por uma amazona que guardava a entrada do paraíso:
- Quem é você, querido rapaz?
- Sou Azar, filho de Ades. Vim tomar meu lugar de direito no Éden.
A amazona ficou maravilhada com a aparência daquele jovem deus e não titubeou para que ele entrasse logo em sua nova moradia. Mas a partir dali seu fado seria marcado pelo mau agouro. Ao pisar no Olimpo e cumprimentar o primeiro dos deuses que tivesse à vista, Azar fez com que o infortunado engasgasse com o hidromel; seguiu-se então um alvoroço, pois que nunca houvera um incidente, nem o mais insignificante que seja dentro dos portões do paraíso. Azar foi expulso sob a alegação de que poderia findar a harmonia existente na morada dos deuses, trazendo desventura a todos.
Assim sendo, Azar, obrigado a fazer morada junto aos seres mais odiados do panteão greco-romano (Minotauro, Quimera, Ciclope, entre outros), sentia falta de sua família e, principalmente, a vergonha de ter sido excluído do convívio etéreo.
Ainda hoje o culto ao Azar pode ser observado em várias partes do globo, mais comumente nos países de terceiro mundo, onde a legislação dos deuses greco-romanos não tem tanto rigor e vigora o não-cumprimento da lei, mesmo entre os deuses.

Curiosidades sobre o culto ao deus Azar:
- no culto a Baco verifica-se a presença do deus através da abundância de bebidas e alimentos, do prazer proporcionado durante o culto e a presença massiva de mulheres e homens belos; enquanto isso, no rito ao Azar, a presença do deus é sentida pela falta de garotas, cerveja barata, falta de opulência e grana.

Você sabia:
- a deusa “Sorte” é mencionada 43 em “Os Lusíadas”;
- “Ventura” é mencionada 98 vezes;
- o deus “Azar” não é mencionado nenhuma vez.